Confira alguns fatos sobre o aprendizado que a  ciência ajudou a esclarecer.

1.Mais informação não é sinônimo de mais aprendizado

De forma similar a um computador, que tem um limite de memória operacional (RAM) para processar vários dados simultaneamente, nosso cérebro pode ficar “exausto” se bombardeado com muitas informações e sofrer uma sobrecarga cognitiva, gerando estresse e comprometendo o processamento desse conteúdo.

Isso ocorre porque não conseguimos dividir nosso foco atencional para muitos elementos simultaneamente. Essa ideia tem grande impacto na educação, sobretudo atualmente, na Era da informação digital, que tanto preza a multitarefa.

Novas abordagens têm surgido para dar conta desse cenário. Uma delas é a teoria da carga cognitiva, muito presente em estudos sobre e-learning, a qual parte do princípio de que nossa capacidade cognitiva de memória de operacional é limitada e instiga professores a criar estratégias de ensino que otimizem o uso da memória de trabalho.

2. O aprendizado modifica a estrutura e a função cerebral

Até pouco tempo, acreditava-se que completado o desenvolvimento, o cérebro humano não mudava mais e mantinha as mesmas funções e estruturas. Estrutura e função cerebral estão intimamente ligadas, mas hoje se sabe que ambas são extremamente maleáveis e plásticas, modificando-se ao longo da vida e por ações externas. Esse fenômeno chama-se neuroplasticidade e tem grande importância para o aprendizado.

Diferentes estímulos, vivência social, metodologias e estratégias educacionais podem influenciar na plasticidade neural e favorecer ou o aprendizado.  A neurociência demonstra que um ambiente rico em estímulos, por exemplo, favorece o aumento do córtex cerebral, o fortalecimento das conexões neurais, e o desenvolvimento de funções cognitivas, fundamentais para aprender.

3. A emoção influencia na capacidade de aprender

A habilidade de aprender, reter e usar informações é fortemente influenciada pelo estado emocional. Situações de estresse extremo, vergonha e tristeza dificultam o aprendizado.

Pesquisas têm apontado a importância de um conjunto de regiões do cérebro processadoras das emoções, chamadas de sistema límbico, no acesso à memória e aprendizado. Sob estresse, o cérebro “bloqueia” o processamento de informações e para o processo de formação de novas conexões neurais.

Sabe-se também que hormônios e neurotransmissores liberados após eventos de estresse são importantes moduladores cognitivos, com implicações para contextos educacionais. Enquanto um certo nível de estresse pode ajudar a consolidar a formação de memórias e ser útil ao aprendizado, níveis mais elevados estão associados à perda de memória e dificuldade no aprendizado.

Por outro lado, emoções positivas, com a alegria, podem funcionar como catalizadores para consolidação de certas memórias. Isso explica porque nos recordamos com facilidade de momentos felizes ou traumáticos de nossas vidas.

4. Alimentação equilibrada é fundamental para o aprendizado

Aprender gasta energia e por si só, isso já justifica a necessidade de uma alimentação adequada, que supra as energias necessárias do organismo para  manter a transmissão de informação entre os neurônios. Além disso, deficiências nutricionais podem comprometer a aprendizagem e reduzir o desempenho acadêmico de crianças. Pesquisas mostram que a qualidade e a quantidade de alimentos ingeridos nos primeiros anos de vida afetam o desempenho cognitivo durante a vida escolar.

A falta de alguns aminoácidos atrasa a formação de conexões. Já o excesso de gorduras da dieta, pode dificultar o aprendizado.

 5. O aprendizado é social

Apesar de algumas pessoas preferirem estudar isoladas em bibliotecas, o aprendizado é essencialmente social e provém de uma troca com o mundo externo.

A colaboração e as atividades em grupo geram estímulos benéficos para o processo de aprendizado e ativação da memória.

A sociabilidade é fundamental para o processo ensino-aprendizagem e faz parte das chamadas habilidades socioemocionais. Alunos com habilidades sociais são mais propensos a apreciar diferenças e semelhanças nos outros, prever reações, focar atenção e apreciar a diversidade, todos eles fatores benéficos para a aprendizagem.

 

Sobre o Autor

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Jornalista carioca guiada pela curiosidade e fascinada pela ciência. Especializada na cobertura de ciência, saúde, tecnologia e meio ambiente, atuou como repórter da Ciência Hoje durante maior parte de sua carreira. Na Rede CpE, toca a assessoria de imprensa e a produção de conteúdo.

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