Pesquisas dos laureados usam métodos científicos para testar intervenções eficazes em educação e saúde

O Nobel de economia deste ano foi para um trio de economistas, Esther Duflo, Abhijit Banerjee e Michael Kremer, que desenvolveram estudos e novas abordagens para melhorar a saúde infantil e o desempenho escolar, adaptando o ensino às necessidades dos alunos. 

As pesquisas conduzidas pelos laureados têm em comum o combate à pobreza. Em duas décadas de experimentos com base prática, eles transformaram o desenvolvimento econômico de várias regiões e lançaram essa abordagem que agora é seguida por vários outros economistas. 

Michael Kremer e colegas iniciaram essa abordagem nos 1990, usando experimentos de campo para testar diferentes intervenções em escolas no Quênia. A novidade desse tipo de trabalho foi olhar para os cenários micro e de pequena escala, formulando perguntas e experimentos adequados para o cenário local analisado.

Esther Duflo e Abhijit Banerjee, que são casados, popularizaram esse método e em 2003 fundaram uma rede global de pesquisadores que estudam pobreza chamada  Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL). O objetivo do grupo é indentificar intervenções efetivas de desenvolvimento e combate à pobreza e unir governos com instituições não governamentais para seguir colocar as estratégias em prática. 

Segundo a comissão que entrega a premiação, mais de 5 milhões de crianças indianas se beneficiaram de programas eficazes de aulas de reforço nas escolas promovidos pelos pesquisadores.

O economista Naercio Menezes Filho (Insper), pesquisador da Rede CpE, explica que a novidade dos trabalhos dos premiados foi trazer para a área da economia métodos que são frequentemente usados na medicina, os chamados ensaios randomizados controlados.

“Através desses experimentos, os pesquisadores conseguem avaliar, por exemplo, qual o efeito de uma nova política educacional sobre o aprendizados dos alunos, comparando o aprendizado nas escolas que foram sorteadas para receber essa política com as escolas que foram sorteadas para ficar no grupo de controle,  ou seja, que não recebem a política durante o período do experimento”, explica.

O trabalho reconhecido com o Nobel é o tipo de pesquisa que a Rede CpE aposta, estudos que usam evidências conseguidas com métodos científicos para basear decisões e políticas educacionais. “O objetivo deles com essas avaliações é usar métodos científicos para conhecer o que funciona melhor para tirar as famílias da pobreza, diminuir a mortalidade infantil e aumentar o aprendizado dos alunos e fazer com que os governos nos países em desenvolvimento usem essas políticas em escala”, comenta Filho. “Ou seja, usar a ciência para melhorar a educação.”

Uma das laureadas, Esther Duflo, é a mais nova economista a receber essa categoria da premiação, aos 46 anos, e a segunda mulher a receber o prêmio nos últimos 50 anos.

 

Sobre o Autor

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Jornalista carioca guiada pela curiosidade e fascinada pela ciência. Especializada na cobertura de ciência, saúde, tecnologia e meio ambiente, atuou como repórter da Ciência Hoje durante maior parte de sua carreira. Na Rede CpE, toca a assessoria de imprensa e a produção de conteúdo.

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