As ideias foram apresentadas durante o segundo painel do IV Encontro Nacional da Rede CpE, no dia 16/9.

Numa tentativa de aproximar cientistas e professores, o segundo painel do IV Encontro Nacional da Rede CpE reuniu diferentes experiências para abordar práticas e perdas de aprendizagem durante a pandemia. “Nós, brasileiros, não podemos mais continuar desvalorizando o professor”, afirmou Rochele Paz Fonseca, pesquisadora associada da Rede CpE e mediadora do encontro, disponível no vídeo abaixo.

Representante da rede de ensino do município de Guajará-Mirim, em Rondônia, Alisson Lopes Nogueira enxergou o evento como a culminância de um projeto que enlaçou família, afetividade e leitura. “Como educadores, somos sempre convidados a não permanecer na inércia, então compreendi que as aulas on-line precisavam de mais ação”, afirmou. Assim, teve a ideia de lançar o “Doses de leitura na pandemia”, que alcançou 48 alunos, alguns da área rural.

O objetivo era tentar dar continuidade à formação da leitura dos alunos. Muitas famílias, no entanto, não tinham acesso à internet, então algumas soluções foram encontradas para que o aluno tivesse acesso a livros. Uma delas foi a sacola viajante: o educador levava um livro para o aluno em casa dentro de um recipiente cheio de histórias para contar. “Deparei-me com realidades que me transformaram, vi alunos que queriam ser contagiados e reavivados pelo hábito da leitura”, contou. A maioria estava ainda no início do processo de alfabetização, então, para Alysson, é um trabalho que vai muito além do ensino. “Não há educação sem amor, então educar é amar.”

O contato com a primeira infância

“É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”, já dizia um provérbio africano. Para Márcia Furiati, educadora de Belo Horizonte, a criança é a protagonista, e os educadores caminham junto. O desafio no ano pandêmico foi conseguir alcançar os pequenos e as pequenas da primeira infância, tentando estimulá-los pela brincadeira e não pelo conteúdo. Assim, nasceu o projeto “Me conta da sua janela”, que buscou alcançar 420 crianças e seus núcleos familiares.

O desafio era grande porque a criança pequena depende do adulto para mediar a atividade. “Não podíamos transformar a casa da criança em escola e muito menos os pais em professores”, lembrou a educadora. Por isso, experiências de aprendizagem que fossem instigantes e importantes para o vínculo familiar, sem obrigações, gastos e estresses, foram a solução – de estressante já bastava a pandemia!

O projeto, um dos ganhadores do Prêmio CpE na sala de aula, teve como proposta estimular o olhar da criança para fora de casa, incentivando a observação, o diálogo em família e a ludicidade. “Começamos a receber retornos de crianças que tínhamos poucas notícias: elas estavam olhando pela janela! Famílias com pouco contato nos procuravam. Por isso, decidimos ampliar e propusemos o ‘Escute de sua janela’”, disse Furiati. Para além do olhar diurno e da escuta, a criançada também ganhou outra possibilidade: o olhar para as janelas à noite, percebendo o que acontecia em outro momento do dia. “Foi uma ponte entre a escola e as famílias. Nos revigorou e alimentou a nossa esperança de que tudo ia passar. Não tem como a gente deixar de ter esperança quando trabalhamos com crianças tão pequenas com tanta vontade pelo novo”, defendeu a professora.

Um ambiente agregador de conteúdos

Diretamente de Macaxeira, Recife, Pedro Henrique dos Santos compartilhou as ideias por trás do projeto Reforço Digital, desenvolvido na Escola Municipal de Tempo Integral Nadir Colaço. Como profissional atuante no Laboratório de Ciência e Tecnologia da escola, ele pensou e desenvolveu em equipe uma ferramenta que pudesse auxiliar a atuação de professores junto a seus alunos durante a pandemia.

Utilizando o ambiente Google Sala de Aula, vídeos curtos e outros formatos, o projeto ofereceu uma curadoria de conteúdos de diferentes disciplinas, como matemática, português e ciências, para dialogar com alunos do ensino fundamental que podiam estar sofrendo com a perda das aulas. “Dentro desse espaço, os estudantes tinham a possibilidade de realizar uma avaliação para verificarem se realmente compreenderam os vídeos aos quais assistiam. Era possível, também, coletar dados para que os professores levassem essas informações a outras instâncias, como conselhos de classe”, explicou Santos.

O próximo encontro da Rede CpE já tem data: 21 de outubro, no YouTube, às 18h30. Para mais informações e inscrições, acesse www.cpe2021.com.br.

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