Por Vera Lucia Menezes de Oliveira e Paiva, professora emérita da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisadora associada da Rede CpE
O Ministro da Educação, Camilo Santana, iniciou seu discurso de posse – no dia 2 de janeiro de 2023 – pedindo uma salva de palmas para Magda Becker Soares. Esse ato demonstra a importância da Professora Emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), amiga de Paulo Freire e grande educadora na área do letramento.
Magda foi vilipendiada pelo governo anterior, que desprezava a ciência e o conhecimento acadêmico, por ter criticado o Plano Nacional de Alfabetização (PNA), que recomendava o método fônico. A fundadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), da Faculdade de Educação da UFMG, foi uma luz para a pesquisa em letramento.
Preocupada com o ensino público, nunca parou de contribuir com a educação. Além das várias obras que nos legou, deixou também o exemplo de alguém que, mesmo após sua aposentadoria, foi para o chão de uma escola pública ajudar a “alfaletrar”, conceito por ela criado.
Comecei minha carreira de professora usando seu primeiro livro didático de ensino de português; fui professora de inglês de um de seus filhos e tive a honra de conviver com ela em bancas e eventos. Em duas ocasiões, ela me disse que estava na hora de dar a vez para os mais jovens: a primeira, em 1997, quando se preparava para a aposentadoria, em uma banca de concurso de professor na Faculdade de Educação. Muito emocionada ao ver a jovem que examinávamos, ela me fez essa afirmação. A segunda, em 2001, já aposentada, quando não aceitou meu convite para abrir o Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada em Belo Horizonte.
Na minha memória fica sua fala doce, sua simplicidade e seu gigantismo acadêmico.
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