Com o retorno às aulas, os avanços e desafios sobre a inclusão no ambiente escolar voltam a ser tema de conversas e debates. Três amigas da Rede CpE compartilham suas reflexões sobre o assunto:
Gabrielle Mazulo de Jesus, psicóloga infantojuvenil e colaboradora da Plataforma CHA para Educadores, ressalta que a inclusão ainda enfrenta desafios tanto na formação de educadores quanto na adaptação da estrutura escolar:
“A inclusão escolar tem avançado significativamente, impulsionada pelo aprimoramento dos diagnósticos e das intervenções precoces. Sabemos que cada estudante tem seu próprio ritmo e forma única de aprender, e reconhecer essa diversidade é essencial para um ambiente verdadeiramente inclusivo. Políticas públicas, como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), estabeleceram diretrizes importantes, mas ainda há desafios na formação de educadores e na estruturação das escolas para que a inclusão se torne uma prática concreta no cotidiano escolar. Isso exige romper com visões ultrapassadas e investir na flexibilização curricular, no uso de metodologias ativas e na adaptação do ensino para estudantes neurodivergentes e com diferentes deficiências.
A inclusão plena exige um esforço contínuo para que a escola seja um espaço onde todas as crianças possam aprender, se desenvolver e, acima de tudo, pertencer. Além disso, a inclusão não deve se restringir ao ambiente escolar. É essencial garantir que nenhuma condição limite a presença desses educandos no ensino superior, na docência e no mercado de trabalho. Afinal, inclusão de verdade não termina na educação básica – precisa estar presente em toda a sociedade.”
Adriessa Santos, diretora de educação na Turma do Jiló e coordenadora de Pós-Graduação no Instituto Singularidades, destaca que as barreiras à inclusão podem ter diferentes naturezas, incluindo aspectos pedagógicos, arquitetônicos, comunicacionais e atitudinais:
“A educação inclusiva reconhece e valoriza a diversidade, garantindo que todos os estudantes aprendam juntos em um ambiente acessível e acolhedor. Não se trata apenas de inserir estudantes com deficiência na escola, mas de eliminar barreiras que impedem a participação plena de qualquer pessoa. Essas barreiras podem ser pedagógicas, arquitetônicas, comunicacionais ou atitudinais, e superá-las exige um compromisso coletivo da escola, dos educadores e da comunidade.
Avanços importantes já foram conquistados. A legislação brasileira, por meio da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, assegura o direito de todos à educação em escolas regulares. No entanto, a inclusão não pode se limitar à legislação. Para avançarmos, são necessárias mudanças estruturais, formação contínua dos professores e uma transformação na cultura escolar, para que a diversidade seja vista como uma oportunidade e não como um obstáculo. Todos têm um papel fundamental na construção de uma escola que respeite e valorize as singularidades de cada estudante. Garantir esse direito é uma responsabilidade coletiva e essencial para uma sociedade mais justa.”
Carolina Favero Martins Freitas, da Escola Maple Bear de Atibaia, enfatiza a importância do estudo contínuo e da atualização para capacitar a equipe pedagógica e garantir um acolhimento adequado às necessidades específicas de famílias e crianças:
“Atuo na educação infantil desde 2012 e, em 2018, assumi a coordenação pedagógica de uma escola bilíngue. Desde então, meu principal objetivo tem sido promover uma inclusão verdadeira. Não é um processo simples e não há fórmula mágica. É necessário muito estudo para capacitar a equipe pedagógica e acolher as famílias e crianças dentro de suas necessidades específicas.
Na escola em que trabalho, a psicóloga escolar e a orientadora educacional realizam rodas de conversa com os pais, criando um espaço para diálogo, esclarecimento de dúvidas e conscientização sobre neurodiversidade. Dessa forma, as famílias se sentem acolhidas e mais seguras para abordar o tema com seus filhos de maneira assertiva.”
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