Ao longo do primeiro semestre de 2023, a Cátedra Unesco de Ciência para Educação realizou quatro webináros com temas de destaque para a área

Em pouco menos de um ano, a nova Cátedra Unesco de Ciência para Educação já mostra o potencial de articulação acadêmica e científica em eventos realizados de forma on-line e presencial, no Rio de Janeiro. Só no primeiro semestre de 2023, foram realizados quatro seminários com pesquisadores de renome internacional sobre temas importantes para a educação, como educação bilíngue, sono e aprendizagem e o impacto da pandemia de covid-19 na educação.

A série de seminários é chamada de “Diálogos entre Ciência e Educação” e tem a proposta de trazer para o diálogo um pesquisador brasileiro e outro estrangeiro, de uma instituição parceira da Cátedra. “A proposta destes primeiros seminários foi proporcionar uma conversa entre pesquisadores de diferentes especialidades sobre temas importantes e contemporâneos que aproximem a Ciência e a Educação”, conta Roberto Lent, coordenador da Rede CpE e da Cátedra de mesmo nome.

Entre março e junho, os seminários reuniram mais de 800 pessoas interessadas e inscritas, considerando os eventos presenciais, híbridos e remotos. Para Lent, o momento agora é avaliar a resposta do público e dos pesquisadores participantes para refinar a ideia dos Diálogos. “Foi uma primeira iniciativa, ainda experimental, de veicular ideias e debatê-las, para difundir em diferentes idiomas a proposição de que a Educação precisa de evidências científicas para gerar soluções eficazes e rápidas”, ressalta.

A Educação e o Custo da Pobreza

O seminário mais recente tratou sobre “A Educação e o Custo da Pobreza” e teve a participação de Sebastian Lipina (Unidad de Neurobiología Aplicada – CEMIC-CONICET) e Daniel Domingues dos Santos (USP-Ribeirão Preto) no dia 29 de junho. Foram quase 200 inscritos para assistir ao Diálogo.

Marília Zaluar Guimarães, uma das coordenadoras da Rede CpE, indica que “esse diálogo foi muito interessante pois trouxe duas visões distintas para o mesmo problema: uma da neurociência ou mais biológica e a outra econômica/matemática. E ambas enxergam que há uma complexidade muito grande para entendermos o impacto da pobreza na educação”.

Para Lipina, é preciso pensar na forma de abordar a desigualdade social em um cenário de aprendizagem, pois a pobreza não é determinante do processo educacional. “Para mim, a ciência não está fora do aspecto político do problema”, destacou ele em sua apresentação. Além disso, também é importante trabalhar a ciência com os educadores.

Já Daniel Santos, economista, lembrou que investimento não é apenas “dinheiro” e que “pobreza é um acúmulo de fatores risco que são correlacionados, como violência doméstica, má nutrição, entorno de exclusão [entre outros]. Por isso, só dar dinheiro não resolve”. Para ele, a pobreza é um fenômeno multidimensional e de variáveis complexas – e é preciso tratar esse fenômeno por diversas frentes.

Próximos passos da Cátedra Unesco de Ciência para Educação

Após esses primeiros Diálogos entre Ciência e Educação, a ideia é produzir uma nova série de seminários para o segundo semestre, de acordo com Roberto Lent. Além disso, teremos a realização do II Simpósio da Cátedra Unesco de Ciência para Educação no dia 18 de outubro, como uma atividade satélite do VI Encontro Anual da Rede CpE. O Simpósio acontece no auditório da Finatec da Universidade de Brasília e as inscrições são gratuitas. Os temas principais do evento são “Desafios globais da Educação” e “Desenvolvimento infantil”.

A Cátedra Unesco CPE busca promover integração internacional, estabelecendo uma rede de produção e divulgação de conhecimento sobre ciência para educação entre pesquisadores latino-americanos, norte-americanos e europeus durante quatro anos. Hospedada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) junto com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e operada pela Rede CpE, possui representantes da Argentina, Bélgica, Canadá, Chile, Cuba, Finlândia, França, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai e, claro, Brasil

 

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