Impactos do sono e da pandemia de covid-19 na educação foram o foco das apresentações

Em maio, a nova Cátedra Unesco deu prosseguimento à série de palestras que pretendem produzir “Diálogos entre ciência e educação” com pesquisadores de diversas áreas e países. Foram dois webinários que, ao todo, tiveram mais de 500 inscritos nas formas presencial e on-line.

“Sono, ritmos e aprendizagem” foi o tema do evento realizado no dia 24, na sede do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), no Rio de Janeiro, e contou com cerca de 40 pessoas no auditório e mais 100 ouvintes no formato on-line. Neste Diálogo, Sidarta Ribeiro (UFRN) trouxe dados e reflexões sobre o impacto do sono no aprendizado, também considerando a importância de questões sociais nesse contexto, como pobreza e fome.

“Sono é uma das coisas mais importantes para o aprendizado”, lembra Ribeiro. Em suas pesquisas, o professor da UFRN percebeu que crianças que dormem após o período escolar – as chamadas ‘sonecas’ – conseguem reter e lembrar melhor do conteúdo ensinado anteriormente. Os dados apresentados geraram um proveitoso debate com os participantes presenciais e on-line, principalmente professores.

Diego Golombek, da Universidade Nacional de Quilmes (Argentina), também participou do Diálogo, gravando sua apresentação que ficará disponível em nosso canal do Youtube. Golombek contou um pouco sobre a história e o panorama dos ciclos escolares ao longo do tempo, trazendo dados sobre propostas de alterações nos horários das escolas de hoje.

O impacto da covid-19 na educação

Já no dia 25, tivemos um debate sobre “A Educação depois da Pandemia” com vários pesquisadores de forma on-line, do qual participaram cerca de 100 pessoas. Lars Orbach, da Universidade Duisburg-Essen (Alemanha), apresentou um panorama da educação no país europeu após a pandemia – e os resultados são bastante preocupantes, mesmo para um país desenvolvido. Nesse contexto, um acompanhamento mais personalizado do aprendizado do estudante parece ser a melhor solução para o momento de crise que ainda estamos vivenciando.

Alessandra Seabra (Universidade Presbiteriana Mackenzie) trouxe dados semelhantes referentes à realidade brasileira, especialmente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. A pesquisadora lembrou que o Brasil foi um dos países mais afetados pela pandemia no que diz respeito à educação, com destaque para o ensino fundamental. E isso está refletido em seus dados: houve uma queda significativa no aprendizado de português e matemática nessas séries, sendo que a situação em escolas públicas é mais preocupante.

Julia Silva (UFMG) acabou consolidando as apresentações anteriores: a pesquisadora relatou dados preliminares de um estudo comparativo entre estudantes alemães e brasileiros. Os resultados corroboram as pesquisas já realizadas: o maior impacto negativo está mesmo entre os estudantes mais jovens.

Por fim, Emanuelle Oliveira (UFMG) apresentou dados sobre o papel das atividades dos pais no aprendizado dos filhos, assim como a importância das atividades escolares realizadas em casa. De acordo com a pesquisa, crianças que cursam os primeiros anos no ensino fundamental são as mais beneficiadas por intervenções familiares no aprendizado.

Cátedra Unesco

O primeiro webinário da série Diálogos entre Ciência e Educação aconteceu em março com as pesquisadoras Judith Kroll, da Universidade da Califórnia Irvine, e Ingrid Finger (UFRGS), pesquisadora da Rede CpE, sobre questões da educação bilingue.

Essa série é uma iniciativa da Cátedra Unesco de Ciência para Educação, que busca promover integração internacional, estabelecendo uma rede de produção e divulgação de conhecimento sobre ciência para educação entre pesquisadores latino-americanos, norte-americanos e europeus durante quatro anos.

Hospedada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) junto com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e operada pela Rede CpE, possui representantes da Argentina, Bélgica, Canadá, Chile, Cuba, Finlândia, França, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai e, claro, Brasil

 

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