Com o início do ano letivo chegam também as preocupações com o desenvolvimento escolar dos alunos. Dentre uma das dificuldades mais comuns para o aprendizado está o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida.

A criança com TDAH  enfrenta dificuldade de concentração, inquietude e impulsividade, o que impacta negativamente no seu desempenho na escola. O transtorno, no entanto, é tratável e os professores são atores fundamentais para identificar o problema em seus alunos.

“Um aluno que dificilmente fica sentado durante uma explicação mais longa ou que se distrai com muita facilidade, pode apresentar TDAH e, por isso, é preciso estar atento a esses sinais, para informar aos pais”, pontua o neuropsiquiatra Paulo Mattos (UFRJ/IDOR), pesquisador associado da Rede CpE e especialista no assunto, com diversos estudos científicos publicados internacionalmente sobre o tema.

O TDAH atinge cerca de 5% das crianças e adolescentes e é mais comum entre os meninos. Estima-se que no Brasil existam 2 milhões e meio de portadores do transtorno. O diagnóstico em crianças é feito idealmente a partir dos sete anos de idade, justamente no período de alfabetização. Antes disso, pode ser difícil distinguir a “agitação normal” de uma criança pequena daquela existente no TDAH.

“Embora o acesso excessivo e acelerado da tecnologia leve a uma situação por vezes parecida com o TDAH, o transtorno se difere pela extrema dificuldade em manter-se atento e quieto em inúmeras situações do cotidiano, quando todas as demais crianças conseguem,” nota o pesquisador.

Alguns dos sinais para os quais os educadores podem ficar atentos são:

  • A criança parece não escutar o que os outros falam
  • Não se lembra onde deixou as coisas
  • Não se concentra na sala de aula
  • Não consegue permanecer sentada quando deveria
  • Agita constantemente pernas e mãos
  • Não consegue ficar quieta para ouvir uma história

O diagnóstico do TDAH é clínico e complexo e só pode ser feito por um profissional de saúde,. O processo de investigação pode incluir questionários (para os pais e professores), entrevista com os pacientes e pais.

O TDAH é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como um distúrbio secundário a alterações principalmente na região frontal do cérebro e suas conexões, responsável por autocontrole, memória, atenção e organização. O tratamento pode incluir tanto farmacoterapia quanto psicoterapia, em particular a terapia cognitivo-comportamental.

“Há inúmeras pesquisas mostrando que o TDAH está associado ao fracasso acadêmico, abandono escolar, maior risco de acidentes, uso de drogas e álcool, entre outras situações negativas na vida adulta. Por isso, diagnóstico e tratamento o quanto antes antes são tão importantes”, aponta Mattos.

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