Em palestra de abertura do III Encontro Anual da Rede Nacional de Ciência para a Educação, Dirk Van Damme comenta os impactos econômicos e sociais da pandemia na educação

“O Brasil não estava em boa situação mesmo antes da pandemia, quando 43% dos alunos tiveram performance baixa no Pisa”, disse Dirk Van Damme, chefe de pesquisa da OCDE, na abertura do III Encontro Anual da Rede Nacional de Ciência para a Educação, que ocorreu online entre 21 e 23 de outubro. Na palestra, o educador comentou sobre os impactos econômicos e sociais da pandemia na educação e no aprendizado de diferentes países.

Van Damme apresentou dados de um estudo conduzido na Bélgica, mostrando que após a interrupção das aulas e mudança para o ensino remoto, os do país estudantes tiveram uma queda no aprendizado em matemática equivalente a metade de um ano pré-pandemia. O estudo também mostrou que os estudantes que já tinham uma performance mais baixa foram os mais afetados, revelando como a pandemia está acirrando as desigualdades em sala de aula. “Estamos vendo um abismo de inequalidade explodindo no mundo todo”, disse o pesquisador.

Ele apresentou também dados sobre o impacto econômico a longo prazo estimado para a perda de aprendizado causada pela pandemia pelo mundo. De acordo com uma pesquisa de estudiosos de Stanford University, divulgada pela OCDE, estudantes do ensino fundamental e médio afetados pela interrupção de aulas podem esperar uma queda de 3% na sua renda futura por toda a vida. Para países, o crescimento econômico esperado após esta perda pode gerar uma queda de em média 1,5% no produto interno bruto por ano até o final do século. Segundo a projeção, Brasil vai perder 2.000 bi de dólares relativos ao capital normalmente trazido pela escolaridade. O montante equivale a dois terços do produto interno bruto do país. “Vai levar ao empobrecimento de grande parte da população mesmo muitas décadas depois do fim da pandemia”, disse Van Damme. A pesquisa estima ainda que a perda pode ser maior caso a interrupção de aulas se estenda. 

Segundo o pesquisador, a situação de crise deixa ainda mais clara a necessidade de mais pesquisas sobre ciência do aprendizado:”É uma ilusão pensar que podemos voltar ao velho normal. O velho normal na educação não vai voltar. Precisamos repensar os processo de ensino e aprendizado e como nossas escolas estão construídas. E a pesquisa em educação pode ajudar.”

 

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