Pesquisadores nacionais e internacionais apresentarão resultados de pesquisa e debates com objetivo de fomentar novas práticas e políticas educacionais.
Como a ciência pode ajudar na educação? Diferentes repostas a esta pergunta serão oferecidas no Simpósio Internacional sobre Ciência para Educação (International Symposium on Science for Education), que ocorre nos dias 5 e 6 de julho no Rio de Janeiro, como evento satélite do Congresso Mundial do Cérebro (IBRO 2015). Na ocasião, pesquisadores nacionais e internacionais de diferentes áreas da ciência vão se reunir para apresentar resultados de pesquisa que podem ter impacto na compreensão do aprendizado humano e refletir como esse conhecimento pode ser aplicado na melhoria da educação.O evento é uma iniciativa da Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CpE) com apoio do Instituto Ayrton Senna e da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos (NSF). Criada em novembro do ano passado, a Rede CpE tem por objetivo justamente estimular e realizar pesquisas científicas que possam dar lastro a novas práticas e políticas educacionais.
Na programação do simpósio estão previstas palestras sobre variados temas ligados ao aprendizado sob uma ótica científica. Serão discutidos assuntos como o desenvolvimento cerebral na infância, o impacto do meio social nas habilidades cognitivas, a capacidade do cérebro de se remodelar, os mecanismos biológicos da memória, o impacto da música e da arte no ensino e o papel das novas tecnologias na educação.
Entre os grandes nomes do evento está a neurocientista Patricia Kuhl (Washington University, EUA), internacionalmente reconhecida por sua pesquisa sobre aprendizado e aquisição de linguagem em bebês. Outro pesquisador de peso é o neurocientista Sidarta Ribeiro (Instituto do Cérebro, Universidade Federal do Rio Grande do Norte) que vai falar sobre a relação entre biologia e psicologia na educação. Na área de tecnologias na educação, um dos destaques é a bióloga Daphne Bavelier (Rochester University, EUA) que vai apresentar uma palestra sobre os videogames como ferramentas de aprendizado.
Segundo um dos organizadores do evento e fundador da Rede CpE, o neurocientista Roberto Lent da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ), um dos principais objetivos do simpósio é estabelecer o diálogo entre os pesquisadores que estudam temas relacionados à educação, os educadores e os tomadores de decisão. “Embora sejam realizadas pesquisas de ponta em várias áreas do conhecimento, existe uma desarticulação entre o que se produz na academia e as políticas de educação”, diz Lent. “A nossa intenção é superar essa barreira através da Rede CpE e de encontros como este.”
O pesquisador acredita que o simpósio é um passo importante para elevar o patamar das discussões sobre educação no Brasil. “Os países mais desenvolvidos estão avançados nas aplicações da ciência sobre as práticas educacionais”, diz. “Não basta resolvermos as questões mais básicas da educação brasileira, como salários dos professores e tempo integral para os alunos, temos que estar na vanguarda da criação de práticas educacionais que otimizem a educação em todas as suas formas.”
O diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, afirma que a educação pública brasileira terá muito a ganhar se conseguir aproximar os mais avançados centros de pesquisa do País à sala de aula. “Nesse sentido, vemos o apoio à Rede e à realização do simpósio como uma possibilidade real de qualificar as práticas pedagógicas e fazer das escolas espaços mais motivadores e tomados de significado para crianças e jovens”, conclui.