Um estudo da Universidade de Washington (EUA) sugere que bebês criados em ambientes bilingues desenvolvem habilidades cognitivas, como decisão e resolução de problemas, antes mesmo de falar, por volta dos 11 meses.
A pesquisa testou 16 bebês, metade de famílias que falavam somente um língua, o inglês, e a outra metade de famílias que falavam inglês e espanhol. Os pesquisadores expuseram os bebês a sons específicos dos dois idiomas enquanto monitoravam sua atividade cerebral usando aparelhos de ressonância magnética.
Os bebês de ambientes bilíngues apresentaram maior atividade cerebral no córtex pré-frontal e no orbitofrontal que os demais. Essas regiões estão associadas às funções executivas. “Nossos resultados mostram que, mesmo antes de começarem a falar, os bebês criados em ambientes bilíngues praticam tarefas relacionadas às funções executivas”, diz a líder do estudo, Naja Ferjan Ramírez em comunicado à imprensa.
Os pesquisadores afirma que depois dos 11 meses de idade os bebês de famílias monoidiomáticas perdem a capacidade de perceber sons de idiomas diferentes do seu. “Bebês criados ouvindo dois idiomas parecem ficar mais abertos a novos sons por mais tempo do que os bebês de famílias monoidiomáticas, o que é bom para a neuroplasticidade”, diz outra pesquisadora do estudo, Patricia Kuhl. “Isso suegre que o bilinguismo não só delineia o desenvolvimento da linguagem, mas também o desenvolvimento cognitivo de modo geral.”
Diversos estudos apontam os benefícios do bilinguismo para o desenvolvimento cerebral na infância e mesmo durante a vida adulta. “Em geral há uma vantagem dos bi/multilíngues sobre os monolíngues em algumas habilidades cognitivas, como na consciência metalinguística, que é a habilidade de usar a linguagem para refletir e tratar sobre ela própria, e em algumas das funções executivas como a inibição, que entra em ação, por exemplo, quando decidimos inibir um estímulo para nos concentrar em outro, como o que ocorre quando prestamos atenção a uma notícia televisiva e desprezamos o barulho do telefone tocando, e na flexibilidade mental, que atua ao trocarmos um procedimento ou pensamento vigente por outro, por exemplo, quando trocamos uma tática em um jogo de cartas”, aponta a linguista Lilian Hubner, pesquisadora associada da Rede CpE.