Análise indica fortalecimento da Rede no Sudeste e a centralidade de temas relacionados à Psicologia aplicada à Educação

A Rede Nacional de Ciência para Educação iniciou suas atividades há quase 10 anos, quando 30 cientistas de universidades brasileiras se reuniriam com um objetivo em comum:  promover melhores práticas e políticas educacionais baseadas em evidências científicas. Desde então, a Rede CpE se expandiu e, hoje, une 180 pesquisadores do Brasil e do exterior atuantes na área de ciência para educação.

“A expansão do nosso quadro de pesquisadores associados reflete a aceitação das propostas da Rede CpE no âmbito da comunidade científica que realiza pesquisas voltadas para a Educação, e contribui para o crescimento qualificado de nossas iniciativas. Nesse caso, estamos cumprindo a nossa missão principal, que é a de fomentar a ideia de que a Educação deve se basear em evidências”, destaca Roberto Lent, coordenador geral da Rede.

Esse crescimento indica uma média de 18 novos pesquisadores por ano se tornando membros associados. Para Marília Guimarães (UFRJ), coordenadora adjunta da Rede, isso “nos permitiu não somente crescer significativamente em número, mas também ter representantes em diversas áreas do conhecimento e também geográficas”.

Expansão geográfica da Rede CpE

Para tentar visualizar o panorama atual da Rede no que diz respeito aos pesquisadores e suas áreas de atuação, Fabio Gouveia, cientometrista da Fundação Oswaldo Cruz, desenvolveu gráficos a partir de dados coletados pelas ferramentas scriptLattes e Gephi. O resultado foi a observação de um fortalecimento da Rede CpE na Região Sudeste do país, onde se originou há quase 10 anos, mas também uma expansão para as regiões Sul e Nordeste.

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Para o coordenador geral da Rede, a distribuição geográfica dos pesquisadores associados reflete a distribuição da pesquisa científica no país. “É desigual, claro, mas acompanha os indicadores de desenvolvimento socioeconômico das regiões. É uma questão que deve ser enfrentada não apenas no âmbito da pesquisa em educação, mas da Ciência em geral”, conta Lent.

Uma das iniciativas para expandir a Rede CpE para outros estados brasileiros é a realização do VI Encontro Anual em Brasília. Após várias edições no Rio de Janeiro e realizadas de forma on-line, em razão da pandemia de covid-19, o Encontro deste ano acontece de 19 a 21 de outubro no Centro Cultural da ADUnB (DF).

Áreas de atuação

Gouveia também conseguiu produzir um gráfico que representa as áreas de atuação dos pesquisadores associados à Rede CpE, como vemos na imagem a seguir. Nela, percebemos a centralidade de áreas de diferentes campos: psicologia, das Humanidades; Farmacologia e Medicina, relacionadas às Ciências Biológicas; e Probabilidade e Estatística, das Ciências Exatas.

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É possível perceber uma maior atuação dos pesquisadores em áreas de Ciências Biológicas, que incluem Fisiologia, Genética, Bioquímica, Morfologia e Biofísica. Isso se justifica em razão de que os primeiros pesquisadores da Rede eram predominantemente dessa área, incluindo o coordenador, Roberto Lent.

“Os temas abordados por nossos pesquisadores refletem a novidade que é a Ciência para Educação no Brasil, perspectiva que nunca foi contemplada com editais de fomento específicos. Nossos pesquisadores tentam fazer a ponte com a Educação, mas sua origem reflete a distribuição temática da Ciência brasileira em geral. Acredito que à medida que as agências de fomento forem se convencendo da importância de investir em pesquisa translacional em educação, essas assimetrias tenderão a ser superadas”, ressalta Lent.

Novos rumos  

Recentemente, a Rede iniciou uma expansão internacional por meio da Cátedra Unesco de Ciência para Educação, que busca estabelecer uma rede de produção e divulgação de conhecimento sobre ciência para educação entre pesquisadores latino-americanos, norte-americanos e europeus durante quatro anos.

Outra iniciativa de expansão da Rede CpE está vinculada à Cátedra. “Estamos planejando cursos regionais, justamente para aumentar o envolvimento de pesquisadores fora do Sudeste, e assim, possivelmente, aumentar o número de membros associados e afiliados de outras regiões”, conta Guimarães.

Além dessa iniciativa, a Cátedra inicia uma série de webinários com pesquisadores, os chamados de “Diálogos entre ciência e educação”. O primeiro foi realizado em março e contou com palestras das pesquisadoras Judith Kroll, da Universidade da Califórnia Irvine, e Ingrid Finger (UFRGS), pesquisadora da Rede CpE, sobre questões da educação bilíngue. Os próximos serão realizados em maio com temas relacionados ao sono e impactos da pandemia na educação.

Hospedada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) junto com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e operada pela Rede CpE, possui representantes da Argentina, Bélgica, Canadá, Chile, Cuba, Finlândia, França, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai e, claro, Brasil.

Crédito: Figuras elaborada pelo Dr. Fabio Castro Gouveia, Cientometrista da Fiocruz/RJ, utilizando dados do Lattes agregados pelo scriptLattes (Mena-Chalco & Cesar-Jr., 2009) e Gephi (Bastian, Heymann & Jacomy, 2009) para gerar as visualizações.
[1] Figura A: Mapa do Brasil com a geolocalização dos pesquisadores da Rede CpE. As linhas indicam colaborações entre os pesquisadores representados por círculos. A espessura das linhas e o tamanho dos círculos representam o volume de interação entre os pesquisadores ponto a ponto e total. A sobreposição de pesquisadores torna a área com a cor mais solida.
[2] Figura B: Rede de interações de subáreas de pesquisa da rede CpE. Os símbolos indicam as grandes áreas (círculos – humanas, triângulos – biológicas e quadrados – exatas). O tamanho dos símbolos reflete o volume de colaborações entre as subáreas com as linhas representando estas parcerias por pares. As cores representam as grandes áreas de pesquisa.

 

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