Terceira temporada do podcast é uma realização da Rede Nacional de Ciência para Educação com o Instituto Ayrton Senna.

A pandemia afetou a educação de muitas formas. Alunos pararam de conviver com outros colegas, perdas de aprendizagem foram observadas e professores tiveram que ministrar, da noite para o dia, aulas on-line. E agora? Muitas escolas reabriram. Como a ciência pode ajudar a trilhar o caminho da reconstrução?

Na atual e terceira temporada do podcast “Educação tem ciência”, vamos abordar conhecimentos relevantes para superar os desafios intensificados pela Covid-19. Essa edição contou com o apoio do Instituto Ayrton Senna (IAS), parceiro desde a inauguração da Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CpE) e um dos mantenedores da Rede.

O primeiro episódio, já disponível em diversas plataformas de streaming, aborda o desenvolvimento socioemocional de educadores. Segundo Karen Teixeira, gerente de projetos no IAS e uma das entrevistadas no episódio, cada vez mais as competências socioemocionais têm ganhado destaque nas escolas brasileiras.

De acordo com Teixeira, a partir da segunda década do século XX, o conceito de educação e o papel do professor em sala de aula passaram por mudanças. Antes, o professor era um transmissor de conhecimento e o centro do processo de ensino e aprendizagem. Com os avanços nos estudos sobre psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento, o olhar para o professor e para o aluno ganha outra perspectiva.

Hoje em dia, a construção de conhecimento é entendida como um processo ativo de troca entre aluno e professor e das experiências prévias de cada um. Neste processo, as competências socioemocionais dos educadores ganham importância, pois o aprendizado do aluno se beneficia diretamente.

A profissional Ana Carla Crispim, também gerente de projetos no IAS, explica que essas competências, tanto no aluno quanto no educador, podem ser entendidas como capacidades individuais que se manifestam e influenciam as tomadas de decisão, a relação com o próximo, a compreensão sobre os sentimentos e os próprios pensamentos.

“Elas influenciam a forma como lutamos e persistimos pelos nossos objetivos, a forma como abraçamos novas experiências ou mesmo como lidamos com situações adversas, como a pandemia. Ou seja, são características maleáveis que podemos desenvolver ao longo da vida”, acrescenta.

No IAS, as pesquisas para entender o tema começaram em 2016 e já resultaram na produção do livro “Competências socioemocionais de educadores – seu papel central para uma concepção de educação integral”.

Atualmente, o Instituto trabalha com uma matriz constituída por quatro competências para educadores: autorregulação de emoções, conexão com os outros, gestão de ensino e aprendizagem e inventividade.

O contexto da pandemia exigiu muito duas competências dos profissionais. A primeira é a autorregulação de emoções, que dialoga com a resiliência frente a situações inesperadas em âmbito emocional e no dia a dia da instituição escolar.

A segunda foi justamente a da conexão, porque o isolamento social colocou um desafio para muitos educadores: como manter vínculos e estabelecer conexões verdadeiras com outras pessoas, sejam elas professores ou alunos?

“No momento de reabertura das escolas, entendemos que as competências que precisam de maior atenção são justamente essas duas. E elas podem ser desenvolvidas”, detalha Crispim.

Para professores, o IAS oferece a plataforma Humane, onde é possível realizar um cadastro e responder a uma avaliação sobre as competências socioemocionais, identificando onde o educador se encontra e como é possível desenvolvê-las. Outros links também estão disponíveis no Espaço do Educador.

Se a pandemia afetou o professor, certamente impactou os estudantes. E este será o tema do próximo episódio do Educação tem Ciência, com foco nas competências socioemocionais dos alunos.

Em um Mapeamento Socioemocional desenvolvido com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, o IAS observou que os alunos relataram perdas em todas as competências, em especial na empatia e na persistência. Segundo o estudo, “as quedas foram tão significativas quanto as perdas de aprendizagem em matemática e língua portuguesa”.

Você tem algum relato que dialoga com o tema dos episódios? Envie-nos seu relato para comunicacao@cienciaparaeducacao.org. Até lá, dê play no podcast e fique de olho no próximo programa, que será lançado no início de setembro.

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